Lisboa, 20 out (Lusa) - O PS advertiu hoje que a sua posição
face ao Orçamento dependerá da capacidade de abertura do Governo para alterar
algumas das medidas de austeridade, mas continua a fazer tabu sobre o sentido de
voto.
Falando aos jornalistas no final de uma curta reunião da bancada do PS, dedicada à análise da proposta de Orçamento do Estado para 2012, o presidente do Grupo Parlamentar dos socialistas definiu a proposta orçamental do Governo como "desumana" e "iníqua".
Mas, quando interrogado sobre como se vão traduzir essas críticas violentas em termos de sentido de voto, ou seja, no concreto, Carlos Zorrinho nada adiantou.
"A decisão sobre a votação deste Orçamento será tomada nos órgãos próprios e no momento próprio", respondeu.
Para o líder da bancada do PS, "o Governo está a pôr em prática - através do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, mas com a cumplicidade de todo o executivo - um experimentalismo teórico, académico, sem nenhuma preocupação com as pessoas ou com as empresas".
"Esperamos que o Governo ouça os portugueses, ouça o PS, que desde sempre tem dito que não é possível um Orçamento sem economia e sem equidade social, e ouça o Presidente da República, que quarta-feira afirmou aquilo que o PS tem vindo a defender há bastante tempo", sustentou o presidente do Grupo Parlamentar dos socialistas.
Segundo este dirigente socialista, a partir de agora, o PS vai analisar como critério fundamental "a capacidade de abertura do Governo para alterar algumas das suas propostas orçamentais".
"Vamos avaliar não apenas o conteúdo do Orçamento, mas também a capacidade que o Governo tiver para compreender a mensagem que a sociedade portuguesa, que o PS e o Presidente da República lhe estão a enviar" referiu.
Segundo Zorrinho, se antes o seu partido estava a avaliar "com detalhe e com sentido do interesse nacional, aquilo que era o conteúdo do Orçamento, a partir de agora, face a esta má proposta de Orçamento, face aos sinais da sociedade portuguesa, face à verificação que o PS tinha razão ao temer que o Orçamento não tivesse medidas para a economia, e face à avaliação institucional feita pelo Presidente da República, o PS passará também a avaliar a capacidade de o Governo saber ouvir os portugueses, alterando algumas das linhas orçamentais mais iníquas e mais asfixiantes".
Neste contexto, o presidente do Grupo Parlamentar do PS fez questão de salientar que os socialistas "concordam com a análise genérica" feita pelo Presidente da República em relação ao Orçamento do Estado para 2012".
"Também sempre dissemos que a repartição dos sacrifícios não pode ser feita de uma forma iníqua. Neste Orçamento, só para dar um exemplo de iniquidade, 65 por cento do esforço é feito pelas famílias", apontou o líder da bancada socialista.
PMF
Fonte Lusa via MSN