domingo, 26 de junho de 2011

Maria João Rodrigues: Portugal deve "exigir ser tratado como verdadeiro parceiro europeu".



Maria João Rodrigues, conselheira da comissão europeia e antiga ministra do trabalho, diz que Portugal deve "exigir ser tratado como verdadeiro parceiro europeu".

A entrevista audio na TSF.

Texto TSF:

A conselheira da União Europeia Maria João Rodrigues defende que os limites da democracia estão a ser postos à prova em alguns países ameaçados pela crise das dividas soberanas.

A crise nas dívidas soberanas na Zona Euro pode funcionar como um rastilho para outra crise de contornos diferentes relacionada com a legitimidade democrática de quem na prática impõe aos países medidas de austeridade, aponta Maria João Rodrigues.

Em declarações à TSF, a antiga ministra do Trabalho que agora desempenha funções de conselheira nas instituições europeias diz que este problema - que já é bem visível na Grécia - pode chegar a Portugal.

Para a antiga governante, os protestos gregos apontam contra o alvo errado: um governo eleito que aplica planos de austeridade alheios impostos por uma Europa sem legitimidade directa nas ruas gregas.

Maria João Rodrigues entende que na Grécia há o sentimento de que não é possível fazer «escolhas democráticas» com «real possibilidade de escolha».

A conselheira das instituições europeias para questões económicas e sociais considera que uma crise de legitimidade democrática pode virar-se contra o projecto europeu.

«Se a Europa começa a ser visualizada pelos cidadãos de um determinado país não como uma alavanca para promover a prosperidade desses cidadãos, mas como um colete de forças que limita a possibilidade de escolha», mais cedo ou mais tarde «vai minar o processo de construção europeia», adverte.

Maria João Rodrigues olha para a Grécia e avisa que aquele desespero possa chegar a Portugal.

«Mesmo que façam tremendos esforços - e têm feito -, eles continuam a não ver a luz ao fundo do túnel, porque parte dessa luz depende de facto que medidas que a Europa ainda não tomou», reforça, alertando que Portugal não está completamente protegido disto poder vir a acontecer.