quarta-feira, 2 de junho de 2010

Manuel Alegre: "Sócrates apoiou-me por convicção e desta vez é para ganhar"



Manuel Alegre admite um cenário em que Portugal tenha de recorrer ao fundo de emergência europeu e desvaloriza as críticas de Mário Soares.

"Já fiz a prova de que é possível ir-se muito longe sem a ajuda das máquinas partidárias" mas "para ganhar eleições [à esquerda] em Portugal é muito difícil sem o apoio do PS", frisou Alegre em entrevista à RTP, sublinhando que "desta vez é para ganhar e desta vez o que está em causa é muito sério".

Desvalorizando as vozes protestantes dentro do PS, Alegre desenhou um cenário onde contará com o apoio de toda a esquerda. PS e Bloco à partida e PCP um pouco mais tarde, no caso dos votos comunistas serem vitais para vencer a direita. Em todo o caso, sublinhou, "sou eu quem vou gerir a minha campanha" e "não vou recusar quem me apoia".

Alegre também elogiou Sócrates por ter "colocado a política acima dos interesses pessoais". O apoio que recebeu, garante, é de "convicção" porque José Sócrates "não é um homem de meias tintas: ou está contra ou está a favor". Por tudo isto conta com um "apoio alinhado do PS".

O facto de Mário Soares discordar do apoio do PS à sua candidatura de "é um problema dele", afirmou, admitindo "revejo-me nos mandatos presidenciais de Mário Soares e Jorge Sampaio".

Manuel Alegre defendeu ainda que Cavaco devia, rapidamente, esclarecer se é ou não candidato por "uma questão de transparência democrática". Para Alegre, o Presidente da República em exercício "também é responsável por esta situação [do país]" já que "ele criou a ilusão de que sendo economista poderia ajudar a criar um Portugal mais próspero. Não pode porque não governa".

"Não sou professor de Finanças nem de Economia mas tenho uma posição sobre a economia, que não é neoliberal", destacou, lembrando o trabalho de Lula da Silva no Brasil. No entanto, e tal como Cavaco, Alegre elege o desemprego como o problema número um do país e da Europa.

Sobre a crise económica do país, Alegre diz que "preferiria que não se tivesse chegado a esta situação mas é já uma questão europeia", referindo-se ao aumento generalizado de impostos hoje aprovado no Parlamento com votos favoráveis do PS e do PSD.

Questionado sobre a possibilidade de Portugal se ver obrigado a utilizar o fundo de emergência europeu, Manuel Alegre afirma que "se precisar com certeza que tem de recorrer".

Para o candidato presidencial dos socialistas, o actual Executivo "tem condições" para cumprir o seu mandato até ao fim dado que "neste momento há um normal funcionamento das instituições". "Não estou aqui para derrubar Governos", concluiu.

Fonte: Diário Económico

Video podcast da RTP1: Grande Entrevista