segunda-feira, 26 de maio de 2008

A travessia Chelas-Barreiro e a Lisboa do futuro

A discussão da travessia Chelas-Barreiro não pode deixar de ter em conta a importância estratégica de que se reveste para o futuro de Lisboa, sem renunciar a procurar limitar os impactos negativos que também comporta.
António Costa tem sabido conduzir este debate de forma exemplar, defendendo com realismo os interesses de Lisboa, que não são contraditórios com os interesses nacionais.
Lisboa precisa da nova travessia Chelas-Barreiro para efectuar uma ligação rápida ao novo aeroporto de Alcochete, dadas as limitações ao crescimento de tráfico da Vasco da Gama, e para estruturar o território, tendo em conta que Lisboa tem de ser cada vez mais uma “cidade de duas margens”, a capital regional, a capital do País e uma cidade global.

Se assim não for pensada não só não terá futuro, como comprometerá, além disso, o futuro do País. Para isso não pode deixar de dispor de um porto moderno e com maior capacidade, inserindo-se nas rotas do comércio marítimo internacional, para o que é necessário potenciar o sistema portuário Lisboa/ Setúbal/ Sines e a sua ligação às plataformas logísticas a Norte e Sul do Tejo através da nova travessia.
A travessia Chelas-Barreiro é chamada a desempenhar um papel insubstituível neste contexto, inserindo Lisboa na rede europeia de alta velocidade, assegurando o fecho do anel ferroviário da área Metropolitana de Lisboa, melhorando as ligações ferroviárias de longo curso Norte-Sul, para além de comportar uma componente rodoviária.
É insuportável a demagogia dos que fazem de conta que ao novo aeroporto ou o TGV não são opções essenciais para o desenvolvimento do País.

Ao defender a nova travessia não ignoramos a necessidade de procurar limitar os efeitos negativos, paisagísticos e ambientais, que também comporta, e de procurar minimizá-los.
Devemos mostrar que temos um estilo diferente dos nossos opositores primários, analisamos os prós das opções que defendemos, falamos verdade aos lisboetas, empenhamo-nos em potenciar os aspectos positivos que comportam, procurando minimizar os negativos.
Falar de “cicatriz na paisagem” a propósito de travessia Chelas-Barreiro, sem fazer propostas concretas que melhorem a sua inserção na paisagem e permitam que a ponte entre em Lisboa a um nível menos elevado do que está previsto, é pura demagogia.

É também imprescindível exigir que seja dada prioridade ao transporte público, como tem sido defendido por António Costa, através do alargamento da rede de Metro e de uma rede de eléctricos rápidos, através de financiamento resultante da consignação de uma percentagem do conjunto das portagens existentes no acesso a Lisboa.
Os discursos contra o porto de Lisboa, contra o TGV, o novo aeroporto, ou a nova travessia como têm sido feitos por algumas figuras destacadas da oposição de direita, têm como denominador comum ignorar a necessidade de desenvolver a vida económica da Cidade e do País, ou considerar que as únicas actividades económicas legítimas seriam restaurantes, bares e discotecas.

Tudo isto é articulável com o Plano Verde para Lisboa e o que é importante é aprovar rapidamente as medidas cautelares para vigorarem até à revisão do PDM.
Um dos factores de atraso no desenvolvimento da Cidade e do País é a mentalidade de aristocrata falido, que desconfia de tudo o que representa vontade de criação de riqueza e que espera que outros resolvam por ele e se possível de forma mágica os bloqueios ao desenvolvimento do País.
Lisboa tem de aspirar a ser o coração do mundo lusófono para ser uma cidade global, e poderá através de uma ligação em 2h 45m a Madrid, assegurada pela travessia em alta velocidade por Chelas-Barreiro, ficar mais perto do coração do mundo de língua espanhola.
A nova travessia não é apenas uma ligação para a outra margem, representa uma maior integração de Lisboa nas grandes redes de circulação de pessoas e de mercadorias e contribui para tornar Lisboa uma cidade global.

José Leitão
Deputado Municipal
in PS Lisboa